Eis que chegou o livro fruto da Tese de doutorado realizada no Instituto de Psicologia da USP, entre os anos 2011 e 2015.
Sete anos depois de sua escrita original, chegou o tempo de colocá-lo no mundo. Freud, Ferenczi e Winnicott são os pontos de apoio dessa cartografia das transferências negativas, de inspiração deleuziana, que traz à tona o problema da submissão ao analista e do manejo da raiva, do ódio, da agressividade na clínica. Na escrita, a tentativa foi de conciliar o rigor teórico e o percurso de construção dos conceitos relacionados às questões clínicas de cada um dos autores, além de contar uma história de como cada um deles lidou e leu os impasses do manejo.
O texto passa por vários casos clínicos dos autores, mas os que mais gosto são as considerações sobre o manejo no Homem dos Ratos, de Freud, e o e o Caso B., de Winnicott, casos de abertura e fechamento do livro: humor e tato diante do ódio compulsivo e brincar de luta.
Um texto pesado teoricamente, mas que tenta ser não dogmático. Há uma tese implícita de que os casos-limite apontam para os limites do analista e da teoria. Os leitores me dirão se consegui transmitir esse recado.
“Elogio ao não” é o belo prefácio de Daniel Kupermann, orientador da pesquisa que originou o livro. “Para entrar aqui, é preciso convite”, o posfácio potente e cuidadoso, de Ligia Durski, parceira de discussões clínicas e teóricas. Eles foram muito generosos na apreciação do material. E, a escolha por publicar pela Artes e Ecos não foi neutra, como aliás, nunca são as escolhas. Uma editora que tem feito um excelente trabalho editorial, com títulos e apostas coerentes com as discussões contemporâneas em psicanálise.
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